As cruzes dos nossos mortos


Quando se tem vivido uma vida já longa, e, sobre longa, intensa, de trabalhos, de fadigas, de inquietações, até de sonhos, o caminho que percorremos fica ladeado de numerosas cruzes – as cruzes dos nossos mortos. E se essa vida foi sobretudo colaboração íntima, soma de esforços comuns, inteiro dom das qualidades nobres da alma, eles não ficam para trás: continuam caminhando a nosso lado, graves e doces como entes tutelares, purificados pelo sacrifício da vida, despidos da jaça da terra, sublimados na serenidade augusta da morte. Na verdade, há mortos que não morrem...

António de Oliveira Salazar in «Discursos e Notas Políticas».

2 comentários:

João disse...

É possivelmente o discurso que mais admiro do Dr. Salazar. Além do conteúdo a forma é extraordinária. De uma beleza e uma serenidade assombrosas. Fosse isto um país e Salazar seria estudado em Português e Literatura Portuguesa como um dos grandes cultores da prosa nacionais.

VERITATIS disse...

De facto, Salazar escrevia brilhantemente.