Marxismo Cultural


Antonio Gramsci estabeleceu um modelo revolucionário segundo o qual a hegemonia cultural é a base da revolução comunista, significando com isso que esta depende da capacidade que as forças revolucionárias adquiram para controlar os meios que permitem dirigir a consciência e a conduta social. Uma revolução assim entendida consiste em modificar de maneira imperceptível o modo de pensar e sentir das pessoas para, por extensão, terminar por modificar decisiva e totalmente o sistema social e político.

A estratégia gramsciana estava desenhada do seguinte modo:

1. Para impor uma transformação ideológica era necessário começar por lograr a modificação do modo de pensar da sociedade civil através de pequenas transformações realizadas ao tempo no campo da cultura. Havia que construir um novo pensamento, entendido como o modo comum de pensar que historicamente prevalece entre os membros da sociedade. Para Gramsci isto era mais importante e prioritário do que alcançar o domínio da sociedade política (conjunto de organismos que exercem o poder desde os campos jurídico, político e militar).

2. Para lograr este objectivo era necessário apoderar-se dos organismos e instituições donde se difundem os valores e parâmetros culturais: meios de comunicação, universidades, escolas... Depois de cumprido este processo a conquista do poder político cairia pelo seu próprio peso, sem revoluções armadas, sem resistências nem contra-revoluções, sem necessidade de impor a nova ordem pela força, já que esta teria consenso geral.
Um modelo histórico de actuação de acordo com estes princípios seria a mentalidade iluminista que preparou o terreno para o que logo seria a Revolução Francesa e o liberalismo, estendido por toda a Europa e América graças à mudança de pensamento hegemónico promovido desde o século anterior.

3. Para ter êxito havia que superar dois obstáculos: a Igreja Católica e a Família.

A estratégia determinada por Gramsci foi projectada pela chamada Escola de Frankfurt, originalmente fundada em 1923 como Instituto para o Novo Marxismo e rapidamente denominado Instituto para a Investigação Social, para encobrir o seu objectivo sentido político.

Através de autores como Georg Lukács, Max Horkheimer, Theodor Adorno, Wilhelm Reich, Erich Fromm, Jean-Paul Sartre, Herbert Marcuse, Jürgen Habermas, etc., formula-se a doutrina do neo-marxismo e a partir dele a esquerda elabora um programa concreto de acção estruturalista que logra uma decisiva influência em distintos campos do pensamento, na psicologia (Lacan), na educação (Piaget) e na etnologia (Lévi-Strauss), entre outros.

Foram basicamente estas elaborações ideológicas que activaram e sustentaram o processo revolucionário dos anos 60 do século XX, sendo particularmente eficientes entre os estudantes das universidades de França e Alemanha. Ainda assim, estas ideias também seriam a base tanto do chamado euro-comunismo como do neo-socialismo desenvolvido em distintas latitudes durante os anos 80 e 90.

Estas raízes norte-americanas da actual esquerda europeia foram expostas detalhadamente por Paul Edward Gottfried (The Strange Death of Marxism) e é uma das circunstâncias que explicam a escassa repercussão que teve a queda da União soviética nos comunistas e nos socialistas: ideologicamente estavam mais vinculados aos EUA do que à URSS e, provavelmente, um regime "duro" que se apresentava como paradigma da ortodoxia comunista resultava para eles mais como um obstáculo do que uma referência.

O princípio constitutivo desta crença radica num materialismo que nega a existência de um princípio anterior e superior ao homem. Nega-se explicitamente a existência de um Deus criador, a existência da alma humana e, portanto, de toda a essência e toda a transcendência do ser. Impõe-se um sistema teórico multiculturalista baseado no relativismo absoluto, o qual implica a negação da existência de verdades de validade universal.

Assumindo tais premissas, como se manifesta concretamente este novo tipo de acção revolucionária?

A aplicação deste sistema procura gerar um ânimo hostil contra todo o tipo de autoridade, contra toda a forma de hierarquia e ordem, seja no terreno religioso ou no civil. A autoridade degrada-se sistematicamente na Igreja, no Estado, na família ou no ensino. Esta quebra da ordem natural conduz a uma completa perda de princípios e uma radical decadência moral. Desencadeiam-se as paixões nas crianças e adolescentes através de uma educação estatal ou dos meios de comunicação que criam um ambiente de impureza omnipresente. A fim de romper a estrutura do sistema social, introduz-se um igualitarismo radical projectado na ideologia de género que proclama a superação do actual modelo de sociedade mediante a transformação da diferenciação sexual em meras categorias culturais e, por conseguinte, opcionais e elegíveis.

Uma vez destruído o universo de valores até então vigentes, o seu lugar foi ocupado por uma nova hegemonia: a dessa mentalidade, hoje dominante, substrato permanente de uma prática política que é, ao mesmo tempo, a consequência e o principal motor do processo.

Ao serviço desta estratégia colocam-se meios tão díspares como a democracia, a demolição do Estado nacional, a imigração, a infiltração e auto-demolição da Igreja, a memória histórica, a educação para a cidadania ou a cultura da dependência promovida por uma gestão económica dos recursos dirigida pelo Estado.

Há alternativa? Sim, existe, mas só será possível na medida em que tenha lugar a recuperação da hegemonia na sociedade civil. Algo que implica a luta pela Verdade, que não se impõe por si mesma, e a capacidade de gerar instrumentos coercivos que, ao abrigo da lei, actuem como travão das tendências desagregadoras.

Pe. Ángel David Martín Rubio in revista «Altar Mayor», Janeiro de 2008.

3 comentários:

Fernando disse...

Texto muito interessante e assertivo

Mamute disse...

Vocês, donos do blog, apoiam leis de preservação racial?

VERITATIS disse...

A existência e a preservação das diferentes raças humanas é um bem. Por conseguinte a destruição de todas as raças, seja pelo extermínio ou pela miscigenação, é um mal. Deus criou todas as espécies e todas as raças de animais e plantas. É de Sua vontade que a natureza fosse assim ordenada. Portanto de maneira nenhuma podemos advogar a miscigenação como princípio social generalizado e fomentado. O que não significa que não possa existir casamentos fora da própria raça, mas tal deve ser uma excepção e nunca a regra. A defesa da miscigenação generalizada é uma atitude criminosa, uma revolta contra a Criação.