O intelectualismo leva ao irrealismo


Por essas e por outras é que sempre aconselho aos jovens intelectuais a prática de trabalhos manuais. Aprendam a consertar torneiras, a descobrir curto-circuitos e assim terão um exercício de docilidade ao real. Não é só com a cabeça que o homem pensa, é também com as mãos. É preciso nunca ter mudado um fusível, ou nunca ter pregado um botão nas calças, para chegar ao irrealismo profundo dos "intelectuais" que trazem os seus brilhantes talentos para pronunciamentos que deveriam versar sobre coisas simples, como o pão e a água, e por excesso de categorias mentais, deixam de ver o elefante, o piano e outras coisas mais volumosas.

Gustavo Corção in jornal «O Globo», 29 de Agosto de 1970.

O falso Natal e a invasão da Europa


Lido na rede social Facebook:

"Saibam quantos este texto virem, que no ano da graça de dois mil e dezasseis é impossível comprar cartões de Natal alusivos ao verdadeiro significado da data: o nascimento de Cristo. Já ninguém os vende. Hoje só há cartões do Pai Natal, do barrete do Pai Natal, de árvores de Natal, de ursinhos, de sininhos, de prendinhas de Natal, de bonecos de neve, de bolas de Natal, etc. Do Natal mesmo é que não há nada. Duvido que subsista tipógrafo que mande imprimir uma Sagrada Família ou um Presépio. Criou-se uma geração ou duas de europeus na ideia de que a representação do Natal são bolas de neve com lacinhos. Ao mesmo tempo os terroristas islâmicos massacram-nos dentro das nossas fronteiras, sem que ninguém tope a relação entre os dois fenómenos." – Bruno Santos.

O último soneto de Bocage


Último soneto do poeta Bocage, ditado no seu próprio leito de morte:

Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!... Tivera algum merecimento,
Se um raio da razão seguisse, pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... A santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!

Bocage

O último soneto do liberal e libertino Bocage tem sido, segundo a opinião geral, um dos frutos da sua possível conversão, em final de vida. Bocage tinha representado até então oposição ao Padre José Agostinho de Macedo (grande defensor da pureza da Fé, e um dos maiores inimigos da Maçonaria e do Liberalismo em Portugal), motivo pelo qual a Maçonaria (e outros que tal) preferem difundir a tese de um Bocage desgraçado até ao fim dos seus dias, e dizer que os seus últimos versos são uma adulteração feita pelos católicos.

A heresia do Americanismo


Chamou-se Americanismo ao movimento religioso de inspiração naturalista e liberal que surgiu em algumas dioceses dos E.U.A., em fins do séc. XIX. Este movimento, que tinha em vista facilitar as conversões à Fé, mediante uma conciliação entre a tradicional doutrina católica e as novas aspirações da religiosidade moderna, excitou várias reacções e polémicas, sobretudo na França, tendo sido finalmente condenado por Leão XIII, com a sua carta Testem benevolentiae, de 22.01.1899. As boas intenções dos promotores das novas doutrinas foram claramente demonstradas pela sua pronta e incondicional submissão ao Papa.
Principais pontos de doutrinas condenados:
1. A Igreja deve adaptar-se às exigências modernas, mitigando as suas fórmulas tanto disciplinares como dogmáticas.
2. Deve favorecer-se o espírito de liberdade individual, em assuntos tanto de moral como de fé.
3. As verdades naturais devem preferir-se às sobrenaturais; as virtudes activas, às passivas. A direcção espiritual e os votos religiosos, inconvenientes para o espírito moderno, não são requeridos para a perfeição cristã.

Fonte: «Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura», 1963.

8 de Dezembro: Dia da Mãe


Embora dê jeito a alguns grupos económicos que se assinale o Dia da Mãe no mês de Maio, em vez de numa data próxima do Natal, a verdade é que o Dia da Mãe celebra-se, por origem e por tradição, a 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, Rainha de Portugal e nossa Mãe celestial.

Estado Novo não combina com República


Ser-se republicano [no Estado Novo] era quase tão despiciente como ser-se filiado nacional [?], só provocava chacota. E alguns sinceros e muitos respeitáveis republicanos de então, apoiantes do sistema, quando confessavam o seu republicanismo, confessavam-no brincalhonamente, para não escandalizar o possível monarquismo dos interlocutores. Dar um "viva a República" num comício do Estado Novo era tão extraordinário como dar um "viva o Comunismo".

António José de Brito em entrevista a Riccardo Marchi, Dezembro de 2009.

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Nota: Este excerto foi transcrito a partir de áudio, daí que tenham surgido dúvidas a respeito da exactidão de uma determinada palavra.

Restauração: visão da Venerável Leonor Rodrigues


Gravura do século XVII ou XVIII representando Santa Teresa de Ávila (espanhola) e Dom João IV, onde se lê a seguinte descrição a respeito de uma visão da Venerável Leonor Rodrigues:

Na Era de 1639, um ano antes da Aclamação deste Reino, teve esta visão a Venerável Serva de Deus Leonor Rodrigues, na qual viu o Duque de Bragança sentado num Trono Real, e a Santa Teresa que com a mão esquerda lhe metia um ceptro na mão; e deu-se a entender a esta Serva de Deus, que dali a um ano teriam os Portugueses Rei natural, por intercessão da Santa, e por estar a sua mão esquerda [relíquia] em Portugal; por isso com esta mão lhe punha o ceptro, e não com a direita. Assim se cumpriu no ano seguinte de 1640.

Sobre a Venerável Leonor Rodrigues, pode ler-se no «Ano Histórico»:

A Venerável Leonor Rodrigues foi natural da Vila de Mourão da Província de Alentejo. Na Cidade de Évora tomou o hábito de Terceira Carmelita Descalça, e por grandes mestres espirituais desta Religião [ordem religiosa] foi dirigida por espaço de cinquenta anos contínuos. Era dotada de muitas virtudes. Teve espírito penitente, extático, milagroso, e profético. Depois da preciosa morte que teve neste dia [11 de Abril], ano de 1639, ficou como se estivera viva, tratável e flexível [corpo incorrupto]. Toda a Cidade a venerou sempre, e acompanhou o seu enterro até à sepultura, que se lhe deu na Igreja do Convento dos Remédios de Carmelitas Descalços.