A verdade é o fim último de todas as coisas


Não se vê com clareza que, assim como é um crime perturbar a paz quando reina a verdade, também o é permanecer em paz quando se destrói a verdade? Há, pois, um tempo no qual a paz é justa e outro no qual é injusta. Está escrito que "há tempo de paz e tempo de guerra": é o interesse da verdade que os diferencia. Mas não há tempo de verdade e tempo de erro; está escrito, ao contrário, que "a verdade de Deus permanece eternamente". Por isso Jesus Cristo, que disse ter vindo trazer a paz, também disse que veio trazer a guerra; mas não disse que veio trazer a verdade e a mentira. A verdade é, portanto, a primeira regra e o fim último de todas as coisas.

Blaise Pascal in Pensées.

A Lei


Todos nós devemos obediência à Lei justa. Lei justa é a que é ordenada ao bem-comum. Se sabemos o que é bem-comum, sabemos qual é a Lei que o tem por objectivo.
(...)
E se a verdade é só uma, se a doutrina é só uma, eu não posso reconhecer os mesmos direitos à verdade e ao erro, à doutrina sagrada e à doutrina condenada.
Onde está o Mal, posso e devo exigir que me deixem levar o Bem.
Onde está o Bem – quem pode pedir que lhe deixem levar o Mal?
A Lei vale, não porque é Lei, mas pela soma de serviços que presta ao bem-comum. Se esses serviços são nulos, o valor da Lei é nulo; se a Lei desserve o bem-comum, a Lei é prejudicial. E as Leis prejudiciais como elementos de sedição pública têm de ser revogadas por todos os meios ao nosso alcance.

Ruínas


É inútil criar ilusões com as quimeras de qualquer optimismo: encontramo-nos hoje no fim de um ciclo. Desde há séculos que, primeiro insensivelmente, depois com a rapidez de uma massa que se desmorona, variados processos têm vindo a destruir no Ocidente todo e qualquer ordenamento normal e legítimo dos homens e a falsear as mais elevadas concepções do viver, do agir, do conhecer e do combater. E ao motor desta queda, à sua vertigem, à sua velocidade, foi chamado «progresso». (...)
O que hoje conta é isto: encontramo-nos no meio de um mundo de ruínas. E o problema a pôr é este: existem ainda homens em pé no meio destas ruínas? E que é que eles podem e devem ainda fazer?

Julius Evola in «Orientamenti», 1950.

A importância do Catolicismo na história pátria


À Igreja devemos as ordens religiosas e militares que ajudaram a conquista e a cristianização da terra; devemos-lhe a Inquisição, que nos livrou da invasão do perigo judaico, que hoje assoberba todos os governos e colabora em todos os motins; devemos-lhe as missões ultramarinas, sobretudo essa admirável Companhia de Jesus, que tanto se opôs à empresa de África, tarde e a más horas empreendida e com a qual só Castela aproveitou, essa portuguesíssima Companhia de Jesus que, durante a ocupação castelhana, soube manter o culto da língua e da pátria sempre vivo, lá longe, no império ultramarino em decomposição; devemos-lhe, finalmente, à Igreja Católica, o espírito de resistência antimaçónico que até à última defendeu a Pátria, de 28 a 34 dos assaltos repetidos de maus portugueses, de gorra com maus estrangeiros, que, vencendo por fim, nos conduziram à apagada e vil tristeza dos nossos dias. Uma ou outra excepção de carácter pessoal, mesmo entre o alto clero, não pode diminuir a obra extraordinária da resistência católica ao maçonismo invasor.

Alberto de Monsaraz in jornal «Monarquia», 3 de Janeiro de 1922.

Revolução


Há na Revolução um mistério, um mistério de iniquidade que os revolucionários não podem compreender, pois somente a Fé, que eles não possuem, pode dar a chave.
Para compreender a Revolução, é preciso remontar até ao pai de toda revolta, que primeiro ousou dizer e ousa repetir até o final dos séculos: Non serviam, não servirei.
Satanás é o pai da Revolução. A Revolução é sua obra, começa no Céu e se perpetua pela humanidade a cada era. O pecado original, pelo qual Adão, nosso primeiro pai, igualmente se revoltou contra Deus, introduziu na Terra, não ainda a Revolução, mas o espírito de orgulho que é o seu princípio; e desde então o mal cresceu sem parar, até a aparição do Cristianismo, que o combateu e o fez recuar.
A Renascença pagã, depois Lutero e Calvino, Voltaire e Rousseau, despertou o poder maldito de Satanás, seu pai; e, favorecido pelos excessos do cesarismo, este poder recebeu, no início da Revolução Francesa, uma espécie de consagração, uma constituição que ela não tinha tido até então e que faz dizer com justiça que a Revolução nasceu em França em 1789. «A Revolução Francesa, dizia em 1793 o feroz Babeuf, não é senão a precursora de uma revolução bem maior, bem mais solene, e que será a última». Esta revolução suprema e universal, que já cobre o mundo, é a Revolução. Pela primeira vez, desde há seis mil anos, ela ousou designar-se perante o Céu e a Terra por seu nome verdadeiro e satânico: a Revolução, quer dizer: a grande revolta.
Ela tem por lema, como o demónio, a famosa frase: Non serviam. Ela é satânica na sua essência; e, ao derrubar todas as autoridades, tem por fim último a destruição total do Reino de Cristo sobre a Terra. A Revolução, não esqueçamos, é antes de tudo um mistério de ordem religiosa; é o anticristianismo. É isto que constatou, na sua encíclica de 8 de Dezembro de 1849, o Soberano Pontífice Pio IX: «A Revolução é inspirada pelo próprio Satã. A sua meta é destruir de alto-a-baixo o edifício do Cristianismo e de reconstruir sobre suas ruínas a ordem social do paganismo». Admoestação solene confirmada à risca pelos próprios fiéis da Revolução: «A nossa meta final, diz a instrução secreta da Alta Venda, é aquela de Voltaire e da Revolução Francesa, a aniquilação definitiva do Catolicismo e até mesmo da ideia cristã».

Mons. Louis-Gaston de Ségur in «La Révolution», 1861.