Marxismo


Tomando por base Rousseau e aceitando que o homem é intrinsecamente bom e perfeito, como requer a falácia humanista e expôs metafisicamente o filósofo de Genebra, os pais do marxismo desenvolveram a temática que se viria também a tornar o fundamento filosófico da Era Moderna. No «Discurso Sobre a Desigualdade» Rousseau tinha escrito: o homem é naturalmente bom. Qualquer traço de violência no seu íntimo é produzido pelas instituições sociais. A propriedade privada e o Estado são as duas instituições predominantes de invenção e autoria humanas. A primeira, produz a desigualdade e requer a segunda para a manter. A propriedade privada e o Estado combinam-se para produzir a ruína do homem. Glosando este tema Proudhon haveria de escrever: «a propriedade privada é o roubo» e Owen, Fourier, Marx, Engels e outros utópicos, aplicar-se-iam a determinar cientificamente a validade destes raciocínios.
Marx chegou inevitavelmente ao diagnóstico e à receita: aceitando que a natureza humana é pacífica e boa, adiantou que o ambiente social é que é responsável pela violência e o vício. A natureza da sociedade humana é determinada pela posse da terra e dos meios de produção. Portanto, a natureza do homem é determinada pela posse do capital. Enquanto a propriedade for privada, a humanidade permanecerá dividida entre explorados e exploradores, e os Estados existirão para proteger os exploradores. Toda a História, por conseguinte, deve ser interpretada em termos de luta de classes, todo o conflito em termos de esforços da classe exploradora para manter as suas vantagens. Porém, se os explorados conseguirem chegar ao controlo do Estado, a propriedade privada será extinta e terminará a luta de classes. A guerra, a miséria e o vício, a violência e a necessidade do Estado acabarão, porque nesse momento o homem será naturalmente pacífico e bom. É claro que nos países onde esta lógica foi levada até às suas últimas consequências pode constatar-se a ironia final: quando um homem confia na bondade de outro, nunca perde mais do que a vida.

António Marques Bessa in «Ensaio sobre o fim da nossa Idade», 1978.

Batalha de Ourique


A 25 de Julho na festa de S. Tiago Apóstolo, no undécimo ano do seu reinado, o mesmo rei D. Afonso travou uma grande batalha com o rei dos Sarracenos, de nome Esmar, num lugar que se chama Ourique. Efectivamente aquele rei dos Sarracenos, conhecendo a coragem e a audácia do rei D. Afonso, e vendo que ele frequentemente entrava na terra dos Sarracenos fazendo grandes depredações e vexava grandemente os seus domínios, quis; se fazê-lo pudesse, travar batalha com ele e encontrá-lo incauto e despercebido em qualquer parte. Por isso uma vez, quando o rei D. Afonso com o seu exército entrava por terra dos Sarracenos e estava no coração das suas terras, o rei sarraceno Esmar, tendo congregado grande número de Mouros de além-mar, que trouxera consigo e daqueles que moravam aquém-mar, no termo de Sevilha, de Badajoz, de Elvas, de Évora, de Beja e de todos os castelos até Santarém, veio ao encontro dele para o atacar, confiando no seu valor e no grande número do seu exército, pois mais numerosos era ainda pela presença aí das mulheres que combatiam à laia de amazonas, como depois se provou por aquelas que no fim se encontraram mortas. Como o rei D. Afonso estivesse com alguns dos seus acampado num promontório foi cercado e bloqueado de todos os lados pelos Sarracenos de manhã até à noite. Como estes quisessem atacar e invadir o acampamento dos cristãos, alguns soldados escolhidos destes investiram com eles (Sarracenos), combatendo valorosamente, expulsaram-nos do acampamento, fizeram neles grande carnificina e separaram-nos. Como o rei Esmar visse isto, isto é, o valor dos Cristãos, e porque estes estavam preparados mais para vencer ou morrer do que para fugir, ele próprio se pôs em fuga e todos os que estavam com ele, e toda aquela multidão de infiéis foi aniquilada e dispersa quer pela matança quer pela fuga. Também o rei deles fugiu vencido, tendo sido preso ali um seu sobrinho e neto do rei Ali, de nome Omar Atagor.
Com muitos homens mortos também da sua parte, D. Afonso, com a ajuda da graça de Deus, alcançou um grande triunfo dos seus inimigos, e, desde aquela ocasião, a força e a audácia dos Sarracenos enfraqueceu muitíssimo.

Conquista


Ó grandes cavaleiros afonsinos,
bailando no terreiro da capela,
deixai moças da Maia e verdes pinos,
que é tempo agora de saltar p'r'a sela!

E rompe a cavalgada ao som dos sinos,
– e galga matagais que a morte gela...
Os que tornarem, graves peregrinos,
irão depois em voto a Compostela.

"Por Santiago!"
E a terra se dilata.
Ao longe o Tejo é campo cor de prata,
a cuja orla a hoste se detém.

Brilha o sinal de Cristo sobre os peitos.
E os cavaleiros, sempre insatisfeitos,
voltam cismando no que está p'ra além...

António Sardinha in «Pequena Casa Lusitana»

Teoria materialista da História


A teoria materialista da história – que afirma que toda a política e a ética são expressões da economia – é uma falácia, de facto, muito simples. Ela consiste, simplesmente, em confundir as necessárias condições de vida com as normais preocupações da vida, que são coisas muito diferentes. É como dizer que porque o homem pode andar somente sobre duas pernas, então, ele só pode caminhar se for para comprar meias e sapatos. O homem não pode viver sem os amparos da comida e da bebida, que os suporta sobre duas pernas; mas, sugerir que esses têm sido os motivos para todos os seus movimentos na história é como dizer que o objetivo de todas as suas marchas militares ou peregrinações religiosas deve ter sido a perna dourada da Senhora Kilmansegg ou a perfeita e ideal perna do Senhor Willoughby Patterne. Mas, são esses movimentos que constituem a história da espécie humana e sem eles não haveria praticamente história. Vacas podem ser puramente económicas, no sentido de que não podemos ver que elas façam muito mais do que pastar e procurar o melhor lugar para isso; e essa é a razão pela qual a história das vacas em doze volumes não seria uma leitura estimulante. Ovelhas e cabras podem ser economistas em suas acções externas, pelo menos; mas, essa é a razão das ovelhas dificilmente serem heróis de guerras épicas e impérios, importantes suficientes para merecerem uma narração detalhada; e mesmo o mais activo quadrúpede não inspirou um livro para crianças intitulado Os Feitos Maravilhosos das Cabras Galantes.
Mas, em relação a serem económicos os movimentos que fazem a história do homem, podemos dizer que a história somente começa quando os motivos das ovelhas e das cabras deixam a cena. Será difícil afirmar que os Cruzados saíram de suas casas em direcção a uma horrível selvageria da mesma forma que as vacas tendem a ir das selvas para pastagens mais confortáveis. É difícil afirmar que os exploradores do Ártico foram em direcção ao norte imbuídos dos mesmos motivos materiais que fizeram as andorinhas ir para o sul. E se deixarmos, de fora da história humana, coisas tais como todas as guerras religiosas e todas a aventuras exploratórias audaciosas, ela não só deixará de ser humana, mas deixará de ser história. O esboço da história é feito dessas curvas e ângulos decisivos, determinados pela vontade do homem. A história económica não seria sequer história.

Gilbert Keith Chesterton in «O Homem Eterno».

Mórmons: aberração anti-cristã


Documentário completo, aqui.

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Maravilho-me de que, tão depressa, passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo, para outro evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos, ou um anjo do céu, vos anuncie outro evangelho, além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo, também, vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho, além do que já recebestes, seja anátema.

Gálatas 1:6-9

Testemunhas de Jeová: aberração anti-cristã




Documentário completo, aqui.

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E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição; e muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade; e, por avareza, farão de vós negócio, com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.

2 Pedro 2:1-3

Democracia e Aristocracia


Não é por acaso que a "democracia" se opõe à "aristocracia" e que este último termo designa, precisamente, pelo menos em sentido etimológico, o poder da elite. Esta, por definição, não pode ser senão uma minoria e o seu poder, ou melhor, a sua autoridade, que deriva de uma superioridade intelectual e espiritual, não tem nada em comum com a força numérica sobre a qual se fundamenta a "democracia", nem com as forças irracionais do colectivismo, tendências cujo carácter essencial é o sacrifício da minoria à maioria, e também o da qualidade à quantidade, e da elite à massa.

René Guénon in «A Crise do Mundo Moderno».

Igualitarismo


Uma perspectivação biológica do comportamento humano no nosso tempo só pode contrariar as doutrinas de repercussão mundial. E a doutrina simplificada dos reflexos condicionados faz tudo o que pode para destruir as adversas. Esta doutrina – chamo-lhe pseudodemocrática – tem profundas raízes e é muito perigosa. De facto, uma teoria que postula que o homem não é mais que o produto do meio é confortável para toda a gente. Os cidadãos assim igualizados são tão bem-vindos ao capitalismo americano, que procura o consumidor padrão, como ao totalitarismo vermelho que quer um cidadão sem ideias.
Se, seguindo Freud, estudarmos com atenção as reacções mentais e emocionais que os behavioristas têm contra tudo o que não seja reflexos condicionados, descobriremos a ideologia subjacente a todas as doutrinas políticas da actualidade. O tratamento e controlo de largas massas assentam na presunção errónea de que não há programa inato no homem, isto é, nenhum programa psicogenético. Este ponto de vista igualitário é completamente contrário a toda a evidência biológica.
Nas sociedades humanas a divisão do trabalho é fundada numa diferença, numa desigualdade dos membros da sociedade, que por si só pressupõe uma diferença de capacidades. Hoje em dia assiste-se a uma tentativa de demonstrar a justiça de uma sociedade composta por elementos manipuláveis e intermutáveis. Por outras palavras: o melhor dos mundos possíveis para tiranos russos ou monopolistas americanos. Os adversários da Etologia acusam-nos muitas vezes de ser antidemocratas, já para não dizer racistas, e rodeiam a sua própria doutrina com o halo da democracia. Ora, o fenómeno foi analisado por um escritor americano, Philip Wylie. Ele afirma que a doutrina pseudodemocrática frui a sua força de uma verdade que foi transformada numa mentira. A verdade é que todos os homens devem ter as mesmas possibilidades para desenvolver cabalmente as suas capacidades. Mas quem é que jamais negou isto? Esta verdade indisputável é torcida um pouco e eles proclamam: «se todos os homens têm as mesmas possibilidades, todos os homens serão seguramente iguais». E isto não é verdade. É absolutamente falso, porque todos os homens são desiguais desde o momento da concepção. Porém há a pretensão de que a igualdade é uma chave, o sine qua non da vida colectiva – o que também é falso. Tanto quanto diz respeito aos manipuladores de massas, o cão de Pavlov ainda é o cidadão ideal.
Hoje em dia já se sente uma certa hostilidade contra a elite intelectual em certos estudantes contestatários. Ora, o igualitarismo – não tenhamos dúvidas – que proíbe um homem de ser mais inteligente que a média, é a morte de todo o desenvolvimento intelectual.

Konrad Lorenz in «Ensaio sobre o fim da nossa Idade» de António Marques Bessa.

Liberdade


Nós aprendemos pelo raciocínio e vimos pela experiência, que não é possível erguer sobre este conceito – a liberdade – um sistema político que efectivamente garanta as legítimas liberdades individuais e colectivas, antes em seu nome se puderam defender – e com alguma lógica, Senhores! – todas as opressões e todos os despotismos. Nós temos visto que a adulação das massas pela criação do «povo soberano», não deu ao povo, como agregado nacional, nem influência na marcha dos negócios públicos, nem aquilo de que o povo mais precisa – soberano ou não –, que é ser bem governado. Nós temos visto que tanto se apregoaram as belezas da igualdade e as vantagens da democracia, e tanto se desceu, exaltando-as, que se ia operando o nivelamento em baixo, contra o facto das desigualdades naturais, contra a legítima e necessária hierarquia dos valores numa sociedade bem ordenada.

António de Oliveira Salazar in discurso «Princípios Fundamentais da Revolução Política», 30 de Julho de 1930.

Livro: Galileu na Prisão e outros Mitos sobre Ciência

Até à década de 1970, o paradigma há muito dominante na história da ciência era o da ciência triunfante e da religião em conflito permanente e feroz com aquela. Este é o paradigma que ainda persiste nos principais meios de comunicação e em algumas publicações académicas. Todavia, há uma nova geração de historiadores da ciência e historiadores da religião que se tem debruçado sobre os episódios destas duas disciplinas, analisando-os à luz dos valores e conhecimentos dos respectivos protagonistas.
Este livro é fruto de algumas dessas investigações. Juntamente com outros vinte e quatro académicos que se dedicam a esta nova história da ciência, Ronald L. Numbers esclarece vinte e cinco mitos – que define simplesmente como «afirmações falsas» –, contrariando a ideia de que ciência e religião estão perpetuamente numa luta sem quartel. Cada um dos capítulos de Galileu na Prisão mostra o quanto temos a ganhar em ver para além dos mitos. Numa obra simultaneamente informativa e lúdica, os autores – que incluem agnósticos, ateus e cristãos – desmontam ideias que têm sido apresentadas sob a capa de verdade histórica, desde o encarceramento de Galileu à conversão de Darwin no leito de morte, passando pela crença de Einstein num Deus pessoal que «não joga aos dados com o universo». Sendo o obscurantismo o maior inimigo do conhecimento, a leitura deste livro que o enfrenta é imprescindível.

A Inquisição segundo Alfredo Pimenta


Os historiadores folhetinescos por um lado e os energúmenos da história por outro, criaram à Inquisição católica uma fama terrível, convencendo o pobre público ignorante e irreflectido de que, por obra dela, o Espírito viveu aferrolhado e encadeado, não podendo expandir-se... E, todavia, nada mais falso. A ciência foi livre. Livre foi a erudição. Livre a especulação filosófica. Livre foi a arte. O que não foi livre foi o denegrir da fé, o corromper a teologia, o envenenar as almas, semeando nelas erros e maldades.

Alfredo Pimenta in «História de Portugal» de José Hermano Saraiva.